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O ESG e a Ambidestria Organizacional.

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Por Gisele Ramos | Especialista em Estratégia e Mestre em Inovação e Sustentabilidade

Teóricos chamam de Ambidestria Organizacional a capacidade de um negócio de balancear o foco na eficiência operacional, na mesma medida que olha e se atualiza para o futuro. Em outras palavras, é apostar em novas ideias sem deixar de lado o que já dá resultado para a empresa.

As empresas foram construídas em cima de processos que priorizaram a eficiência produtiva, a redução de custos e a maximização dos lucros. Alguns setores, mais do que outros, incentivaram a obsolescência programada e o consumo emocional. Muitas indústrias focaram na exploração inconsciente dos recursos naturais e da mão de obra barata (quando não escrava) – afinal, a conta tinha que fechar.

Legislações foram nascendo e amadurecendo. Consumidores, com mais acesso à informação, se tornaram mais criteriosos na seleção dos produtos que consome. Investidores querendo “apostar as suas fichas” em empresas que geram impacto positivo no mundo, promovem um mercado mais sustentável e criam uma economia global mais justa.

Enfim, pouco a pouco aconteceu um processo de amadurecimento do nosso “modus operandi” de consumo. Sim, não foi de um dia para o outro. Pense que desde a década de 90 se discute sobre sustentabilidade (lembra da Eco 92, que aconteceu no Rio de Janeiro). E, antes disso, nos anos 70, os hippies já levantavam a bandeira de valorização da natureza.

Embora a sigla ESG tenha surgido em 2005, sua popularização – de fato – aconteceu nos últimos anos: testemunhamos uma preocupação maior das empresas quanto as questões ambientais, sociais e de governança. Isso aconteceu porque tais fatores passaram a ser considerados essenciais nas análises de riscos e nas decisões de investimentos, o que colocou forte pressão sobre o setor empresarial.

A tempo, ESG é uma sigla que vem do inglês: Environmental, Social and Governance. Em português, a tradução seria Ambiental, Social e Governança. E, na prática, trata-se de um conjunto de iniciativas que podem ser adotadas pelas empresas para cuidar do meio ambiente, promover impacto social positivo, ter uma conduta corporativa ética e, claro, serem reconhecidas por isso.

O fato é que estamos vivendo uma mudança de era – do capitalismo tradicional para o capitalismo consciente. Independente do porte ou do segmento, investir em ESG significa aumentar as chances de sobrevivência do seu negócio.

Hoje, uma empresa sustentável possui diferencial competitivo. Amanhã, todas as empresas deverão ser sustentáveis. E o fato de que a maneira como sempre fizemos as coisas não vai mais funcionar daqui pra frente está deixando empreendedores e executivos totalmente perdidos.

Segundo o Google Trends, o volume de buscas sobre ESG atingiu, em 2021, seu nível mais alto em 16 anos. Os principais termos buscados estão relacionados ao significado da sigla, aos exemplos práticos de aplicação e à busca por capacitações na área.

O ESG apresenta-se como uma forte tendência do mercado mas ainda não é uma realidade para a maioria dos negócios. Será preciso direcionar recursos, inovar, reinventar processos – alguns de maneira incremental, outros radicalmente.

O que é ambidestria organizacional?

E é aí que o conceito da ambidestria organizacional se apresenta no contexto ESG: fazer o presente e construir o futuro, é preciso balancear iniciativas e esforços para sustentação operacional do negócio, na mesma medida que em que se explora tendências futuras.

Enquanto parte da organização foca na melhoria contínua da operação do negócio através de melhorias incrementais, olhando para o hoje. Outra parte da equipe explorará oportunidades e tendências futuras: trabalhando as inovações radicais, a busca por mudança e a disrupção no mercado. Nesse caso, a meta é o crescimento.

Mas como implementar a ambidestria organizacional na minha empresa?

Algumas empresas optam por separar um “setor de inovação” das equipes voltadas a atividades de melhoria operacional. As funções coexistem, sendo exercidas por profissionais distintos, mas ao mesmo tempo. O alinhamento entre as áreas, normalmente, é feito pelas lideranças do negócio.

Outras empresas optam por realizar um modelo rotativo entre as atividades com foco operacional e de inovação. Em dado período o foco é integralmente na sustentação e melhoria dos processos, e em outro é em explorar e implementar a inovação. Nesse caso, todos os profissionais atuarão em ambas as frentes, mas em períodos distintos – normalmente em etapas ou projetos específicos, de acordo com as suas expertises.

Existem, ainda, casos de empresas que optam por incentivar a ambidestria profissional, a inovação – tanto incremental quanto disruptiva – seria um papel de todos. É uma postura ousada que exigirá um maior alinhamento e esforço para conseguir metrificar ambos os esforços.

E, independente do caminho escolhido pela empresa, ainda existe a possibilidade de interagir com o ecossistema de inovação e se abrir às possibilidades da inovação aberta. As startups podem ser a resposta para os desafios enfrentados pelas corporações, trazendo soluções tecnológicas customizadas, mais baratas e com um período de desenvolvimento muito menor, se comparadas a um processo de P&D interno.

Ao falar de ESG, estamos tratando de um assunto de extrema importância. Isso vale tanto para os investidores quanto para as empresas que visam acompanhar as evoluções do mercado global. Para chegarmos ao futuro desejado é necessário melhorar continuamente as operações presentes e mudar radicalmente aquilo que precisa ser mudado. Sustentabilidade e lucratividade andam de mãos dadas, o futuro dos negócios está neste caminho.

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Fonte: rhportal.com.br


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