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A qualidade da informação e o profissional contábil.

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A contabilidade é um universo onde a informação pode ser transformada em conhecimento para os mais diversos stakeholders. Como todo universo, a contabilidade sofre transformações nem sempre previstas, compreendidas e observáveis. A velocidade com que a informação, em geral, é compartilhada, faz com que se discuta a tempestividade e se a informação contábil é realmente compreendida e impacta as decisões dos usuários. Portanto, a contabilidade possui muitas informações e potencial. Mas são sabemos como usá-la adequadamente. É a profissão do futuro que está se tornando obsoleta pelo GAP entre a academia e o mercado somado ao seu potencial inexplorado. Kaplan (2011) defende que devemos ter uma maior proximidade da academia com o mercado e que a melhoria da prática contábil não pode ignorar a formação do profissional contábil, que fará as escolhas na elaboração e divulgação das informações.

Como considerar o que é relevante? Para quem é relevante? A informação possui um custo, portanto, não é possível apresentar um relatório com mil páginas. Eu também acredito que muita informação acaba desinformando e criando a oportunidade de esconder informações relevantes num emaranhado de gráficos e termos muito técnicos. Além disso, a informação precisa chegar ao usuário a tempo de ser útil. Ao pesquisar sobre conservadorismo, Ball et al. analisa se as informações financeiras são mais oportunas para o mercado de dívidas ou para o mercado de capitais. E o trabalho considera, e faz todo sentido para mim, que o mercado de dívidas é mais impactado pelo conservadorismo do que o mercado de capitais. O usuário inserido dentro do mercado de capitais tem uma relação mais volátil com a entidade. Se esta não corresponde às suas expectativas, ele pode se desfazer de suas ações, pois considera o custo de oportunidade a todo momento. Já o usuário inserido no mercado de dívida possui uma relação mais perene com a entidade. Ele emprestou recursos, fez análises considerando o risco, mas esperando obter lucro. Portanto, a reflexão que fica é que a relação entre usuário e entidade é que vai determinar se o conservadorismo tem mais ou menos impacto na tomada de decisão através da contabilidade.

Particularmente, palavras como gerenciamento de resultados e criatividade, não me trazem boas sensações quando estão relacionadas à contabilidade. No entanto, à medida que o mundo se move para uma contabilidade baseada em princípios e não, em regras, é mister analisar com muito cuidado se este gerenciamento considerou a representação fidedigna da situação da entidade naquele momento ou se houve uma manipulação com objetivo de ganho próprio, da empresa ou da gestão. O IFRS é mais interpretativo enquanto o US GAAP é mais rígido e baseado em regras. Claro que o gestor deverá utilizar os princípios aceitos para elaborar e divulgar suas informações, mas há uma possibilidade maior de interpretações das operações da empresa no IFRS e as escolhas contábeis poderão ser utilizadas para este gerenciamento.

Com isso, defendo que a educação contábil é o ponto de partida para formar profissional com qualidade e consciente dos impactos de suas escolhas, afetando consequentemente o que é elaborado, divulgado e nas decisões que são tomadas pelos stakeholders através da informação contábil.


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