A dona de uma pensão estava na cozinha com mais três auxiliares diretas e dois ajudantes indiretos. O que eu vi ali, em plena hora do almoço, foi uma aula de liderança de alguém que não saberia o nome de algum livro famoso sobre o assunto. Passei todo o almoço observando e pensando no que eu poderia aprender com todas aquelas informações novas.

A primeira coisa que eu me lembrei é que os gestores reclamam que não há mão de obra qualificada no mercado. Mas se há tantas pessoas procurando emprego, não seria o caso de qualificá-las? Não creio que nenhuma delas não possa aprender o ofício. Porém, o que as empresas exigem, ao divulgar uma vaga de emprego, é experiência na função, em alguns casos inclusive com comprovação na carteira de trabalho.

No entanto, se a mão de obra qualificada está escassa e custa caro, acredito que treinar pessoas sem experiência, mas com potencial de aprendizado resolveria parte do problema. Desta forma, as necessidades da empresa seriam atendidas e com um custo inicial menor. Porém, nem todos os gestores possuem a capacidade ou as qualidades necessárias para treinar os iniciantes. Relatarei o que vi e o que aprendi e que pode ser utilizado em qualquer empresa.

Um líder quando está treinando a sua equipe deve seguir três passos: pensar, falar e agir.

O primeiro deles – pensar – inclui o planejamento das atividades a serem desenvolvidas. Lembre-se que o colaborador é novato. Para economizar tempo, parta do princípio de que ele desconhece todos os processos e precisa de orientação em cada passo. Assim, o gestor não criará a expectativa de que o funcionário desempenhará as suas funções sem precisar que o gestor acompanhe cada passo seu. E que não é necessário falar nada “porque ele já sabe”.

O segundo passo é falar com o funcionário. Esta fala deve ser clara, firme e objetiva. Muitas explicações podem confundir, e explicação nenhuma pode deixá-lo perdido e inibido em perguntar.

O terceiro passo é agir. Ao saber que o funcionário é um iniciante, tente passar o máximo de tempo com ele. Pense que é um investimento, você está desenvolvendo sua própria mão de obra qualificada.

Além disso, destaco algumas qualidades que um gestor deve possuir para treinar sua equipe:

• Sensatez: não faça pedidos absurdos, nem crie metas inatingíveis. A sensatez inclui entender as limitações do outro e as suas próprias limitações. Ter muitos iniciantes no mesmo período pode exigir um tempo e energia que você não tem, por exemplo.
• Firmeza: ao falar com sua equipe, seja firme. Eles irão avaliá-lo e precisam perceber que podem confiar e respeitar você. Explique claramente o que deve ou não ser feito. Também informe o que é possível, necessário ou inadmissível. Os funcionários precisam saber o que esperar e o que fazer.
• Paciência: lembre-se que são iniciantes o tempo todo. Seja firme ao falar, mas tenha paciência. Caso contrário, sua equipe terá medo de perguntar e poderá cometer erros que seriam evitados se o diálogo fosse aberto.
• Coragem: tenha coragem ao desenvolver a sua equipe. Eles estão ali para auxiliá-lo. Não fique com medo de que queiram a sua vaga. Também não tenha receio de repreender sua equipe com medo de perder a admiração deles. A sensatez aliada a coragem fará com que você seja firme ao falar. Desta forma, sua equipe saberá, ao ser repreendida, que isto é necessário para o desenvolvimento profissional.
  Tenha coragem de desenvolver a sua própria mão de obra qualificada. Faça discípulos!