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Onde estamos que não estamos aqui?

ONDE ESTAMOS QUE NÃO ESTAMOS AQUI?

Esta semana percebi que as pessoas nunca estão no lugar em que estão fisicamente. Se estão com seus pais, falam com seus amigos pelo celular, se estão com seus amigos, falam com seus familiares ou outros amigos. Desta forma, desafiamos um dos princípios da física que diz “um corpo não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo”.

Pensando nisso e acreditando que as empresas são formadas por pessoas e são elas que dão sentido à existência da empresa, seja como clientes, fornecedores, funcionários, entre outros, me pergunto onde estamos.

Vejo muitas pessoas dentro da empresa que estão em outros lugares, sonhando com suas férias, falando o tempo todo em redes sociais com outras pessoas, verificando as postagens de amigos e até mesmo desafetos em redes sociais e não estão de fato se concentrando no trabalho. Não posso dizer que é um comportamento generalizado, mas é um comportamento crescente.

As variáveis para explicar esse comportamento podem ser muitas: a tecnologia cada vez mais ao alcance das pessoas, a falta de liderança na empresa onde temos chefes bons e maus, mas ineficientes profissionalmente, a rotatividade nos empregos e a necessidade de estarmos antenados para saber o que acontece no mundo.

Destas variáveis, gostaria de destacar duas: a falta de liderança e a rotatividade nos empregos. A falta de liderança se dá por que os líderes hoje não sabem liderar, gritam ordens, alguns constrangem e humilham colegas de trabalho e, por isso, ainda temos absurdamente casos de assédio moral e até mesmo sexual nas empresas.

O perfil do trabalhador que ingressa no mercado de trabalho hoje, procura qualidade de vida, bom salário, um ambiente organizacional adequado. As gerações que entram hoje no mercado, não querem trabalhar 30 anos para depois poder desfrutar a vida com a aposentadoria. Estas gerações querem o retorno agora, porque entenderam que o risco de permanecer muito tempo na empresa, vestir a camisa e abrir mão de horas de lazer tem que vir acompanhado de um retorno equivalente.

E o que me preocupa é que vejo empresas investindo em propaganda, sustentabilidade, aparentando uma boa imagem para a empresa quando possuem um péssimo clima organizacional, não perseguem sua missão, não praticam seus valores e não entendem seu público. Desta forma, estão perdidos, dizem querer fazer algo, chegar a algum lugar, mas não trilham o caminho para isso. Estão tentando ocupar dois lugares ao mesmo tempo: o lugar em que querem estar e o lugar onde realmente estão. E é claro que isso reflete no comportamento dos funcionários, que muitas vezes se sentem inseguros, insatisfeitos e daí caímos no segundo problema: a rotatividade.

As gerações anteriores trabalharam em um ou dois empregos durante toda a vida e se orgulham disso. Hoje, as gerações vão em busca do emprego que mais atenda a seus planos e projetos pessoais. As pessoas se arriscam mais, buscam mais oportunidades e se preparam para sair de um emprego que não os satisfaça de alguma forma. Com isso, a rotatividade tem aumentado muito e as empresas têm dificuldade de reter talentos.

Por isso, este é o momento de perguntarmos onde estamos e respondermos sinceramente se de fato queremos estar ali ou se vivemos em um lugar paralelo que parece mais prazeroso. Da mesma forma, as empresas deverão fazer esta pergunta, pois, no caso delas, não saber onde estão é mais perigoso ainda, pois o risco é maior. Com isso deixo o questionamento:

Onde de fato estamos se não estamos aqui? Por que não estamos aqui?