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Contabilidade não é arte.

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Quando começamos a estudar a origem da contabilidade, seja no curso técnico ou na graduação, acabamos por ouvir histórias de que homens (aqui se tratando sempre de homens e mulheres) queriam controlar seu patrimônio. Alguns definem a forma de controlar rudimentarmente nas paredes das cavernas os bens que aquelas pessoas possuíam como contabilidade. Sendo isso uma metáfora ou não, o fato é que a contabilidade se tornou uma linguagem de negócios. Há quem questione que contabilidade não é uma ciência sendo apenas uma técnica. Esta técnica teria como objetivo a mensuração, registro e controle do patrimônio.

Sendo ciência ou uma técnica, a contabilidade está presente em todos os países e nos mais diferentes tipos de instituições. O que percebo nestes mais de 10 anos de prática, boa parte deles dividindo meu tempo entre o mercado e a academia, é que a contabilidade não é uma arte. A contabilidade não é contemplativa, apesar de apresentar com detalhes a situação econômico-financeira de uma instituição. A contabilidade não é estática, apesar de apresentar uma radiografia das demonstrações financeiras em determinado momento.

Enfim, a contabilidade não é arte. Estamos nos distanciando cada vez mais entre o que é pesquisado na academia e praticado no mercado. As mudanças ocorridas na contabilidade advêm das áreas de computação e inteligência artificial. Estamos participando destas criações? Temos ensinado das universidades de forma diversificada e que o aluno compreenda que deve participar das mudanças em sistemas, afinal, não é ele quem o executará? Se não participarmos do processo de construção e evolução tecnológica na área contábil, seremos extintos. Considerarão que somos tão necessários quanto uma máquina de escrever.

Temos que, urgentemente, preparar os alunos de ciências contábeis para serem protagonistas. A contabilidade é uma linguagem universal. As normas internacionais de contabilidade são uma evidência de que as instituições, em diversos países precisam apresentar informações compreensíveis e uniformes. Informações comparáveis. Quem melhor do que o contador para auxiliar estas instituições?

Para isso, é fundamental que a formação do profissional contábil tenha qualidade. Nossos alunos não estão atentos ao mercado em que serão inseridos e qual é a necessidade deste mercado. A contabilidade não tem como fim satisfazer a classe contábil. Existimos para servir. Existimos para auxiliar na tomada de decisões. A contabilidade não é, nem nunca foi uma arte contemplativa em que apenas os que dominam a linguagem conseguem compreender e tem interesse por ela.

Temos muitas informações fundamentais para a gestão estratégica de uma instituição. Onde estão estas informações? Guardadas e inutilizadas em algum sistema? As pessoas sabem das informações que possuímos e que podem transformar o destino de uma empresa?

As mudanças são inevitáveis, bem como a velocidade com que acontecem. As inovações tecnológicas trazem mudanças esmagadoras na forma como cada um vive, não apenas para o contador. No entanto, o indivíduo não possui a consciência do seu papel neste contexto. Não entende que, num primeiro momento, deve ser reativo a estas mudanças e, por fim, apresentar-se como protagonista e forte o suficiente para ser o elemento principal. A sociedade sempre foi composta de pessoas e para pessoas. Não colocar o indivíduo como protagonista da sociedade em que está inserido é alterar todo o sentido da história da humanidade.


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