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De shareholds para stakeholders.

Denise Hills | Diretora global de Sustentabilidade da Natura & Co e escolhida SDG Pioneer Brasil 2022 pelo Pacto Global da ONU

Costumo dizer que a “lista de tarefas” da humanidade está expressa nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Os 17 ODS foram estabelecidos em 2015 e compõem uma agenda mundial para a implementação de novas práticas empresariais e de políticas públicas que visam a guiar a humanidade até 2030.

Desde que foi lançado o termo ESG, em 2015, no relatório intitulado Who Cares Win, do Pacto Global, temos vivido uma crescente geração de conhecimento, ciência, práticas, métricas e novos padrões.

Faltando oito anos para atingirmos os ODS, as organizações começam a perceber a importância de achar o equilíbrio entre gerar valor para o acionista, e ao mesmo tempo, compartilhar valor com toda a sociedade. No centro do debate empresarial, o senso de propósito das empresas, além de ser determinante para se conectar à sociedade, influencia a forma como investidores avaliam as carteiras de investimentos. O sucesso de longo prazo do negócio, portanto é ter estratégia integrada às temáticas de ESG, atendendo às necessidades dos stakeholders.

Os princípios ESG vão acelerar a busca da governança corporativa, da prosperidade econômica e do respeito com as pessoas e o planeta. Os desafios são sistêmicos e complexos, mas a inspiração central para mover o mundo empresarial é lembrar que seu desenvolvimento econômico deve ter conexão com um propósito maior: ser uma solução para a sociedade. Sabemos que tudo gera impacto.

Todas as empresas geram as chamadas externalidades a partir de suas operações, mas o foco deve ser alcançar um modelo de negócios que promova o maior impacto positivo possível. Os indicadores de sucesso dessas organizações são transformar os ODS em gestão e estratégica pela consolidação de seus propósitos.

O Integrated Profit and Loss (IP&L), por exemplo, é uma ferramenta inovadora desenvolvida pela Natura para garantir que a gestão e a tomada de decisão estejam, de fato, conduzindo a empresa a seguir gerando impacto positivo por sua operação. Criamos um modelo de avaliação de resultados que mensura o potencial da natureza e das pessoas, “um capital invisível” para mudar o futuro do planeta, atualmente subestimado pelo sistema econômico.

Ao atribuir a mesma métrica a tudo o que possui valor é possível comparar a importância relativa de atividades muito diferentes, visando a Potencializar os efeitos positivos, ao mesmo tempo em que mitigar os negativos.

“Impacto é o novo lucro”, pois a sociedade vê valor em quem, de fato, gera valor para todos. O grande desafio aqui é não simplificar questões complexas, porque a vida não é sobre dinheiro ou balanços. Certas questões, como as sociais e de direitos humanos, não podem ser reduzidas a uma métrica, mas o que precisamos é um esforço coletivo para medir e contabilizar também o impacto do que é gerado por uma empresa e compartilhado por todos.

Artigo publicado no Jornal O Globo – Caderno Prática ESG, no dia 20.04.2022


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