Tenho lido com uma certa frequência sobre “home office” e em como isso é uma tendência mundial. Trabalhar fora do escritório já é uma realidade em algumas empresas e você pode observar isso mais facilmente em alguns países. Quando estive na Argentina em 2011 já observava muitas pessoas nos cafés e restaurantes trabalhando com seus laptops ou fazendo reuniões. Já no Brasil, tenho visto isto com mais frequência no Centro do Rio de Janeiro nos últimos dois anos. Não sei a realidade de outros centros urbanos no país.

Parece ser um sonho trabalhar em casa num dia chuvoso, sem molhar os pés, com uma caneca de chocolate quente e sem o trânsito louco que enfrentamos todos os dias, com piora significativa nos dias de chuva. Porém, sempre tem alguém pontuando os prós e contras em trabalhar fora da empresa. Para não fugir disso, também pontuo minhas percepções sobre o tema. Claro que é meu ponto de vista, dentro da realidade que vivo e que percebo à minha volta.

A tecnologia pode ser uma heroína ou vilã. Para trabalhar em casa vai precisar de computador, internet e talvez telefone. Se você possui uma conexão instável, não possui uma impressora e o computador trava o tempo todo, é preciso repensar se é viável trabalhar em casa. A estrutura é importante para o desenvolvimento satisfatório do trabalho. Se pretende trabalhar em algum café, verifique antes se há regras para o uso do wi-fi, o conforto das mesas e cadeiras e quanto tempo você pretende ficar no local.

As pessoas precisam saber que você está trabalhando e precisa de concentração. Um dos problemas de ficar em casa e ter outras pessoas em casa é saber dividir o tempo e deixar bem claro que o trabalho em casa não é menos sério do que o trabalho na empresa. Não é possível parar para resolver problemas domésticos o tempo todo. Isso compromete não apenas os prazos, mas a qualidade do trabalho desenvolvido.

Mudança de cultura no cliente. Em auditoria ainda há a cultura de que a equipe precisa estar em campo ou não está trabalhando… Com a tecnologia, a maior parte da documentação é entregue por meio eletrônico não sendo necessária a presença física do auditor para que o trabalho seja desenvolvido. Da mesma forma, as reuniões deverão ser pontuais para evitar o deslocamento desnecessário para tratar de questões que poderiam ser resolvidas por telefone. Ter reuniões é importante, estar em campo é importante, mas é preciso filtrar e verificar a real necessidade do esforço empreendido. O resultado poderá ser um menor custo no trabalho mantendo a qualidade.

Mudança de cultura na empresa. Muitas empresas querem que o funcionário “bata ponto”. A mudança para tarefas e prazos talvez seja mais interessante para quem trabalha “home office”. É preciso mais flexibilidade nas relações de trabalho, pois trabalhar “home office” não significa trabalhar menos, nem que o colaborador está na praia tomando sol enquanto as tarefas se acumulam.

Mudança de mentalidade do próprio colaborador. Nem todos tem o planejamento e disciplina necessários para trabalhar fora da empresa. Muitas pessoas precisam de alguém estabelecendo metas, cobrando resultados e até mesmo do contato social com os outros colegas de trabalho. Ficar em casa trabalhando não é possível para todas as profissões, mas é possível para a auditoria. Com alguns auxílios tecnológicos, um bom sistema parametrizado, talvez seja possível na contabilidade. Mas sem mudança de cultura, sem estrutura adequada, a qualidade do trabalho fica comprometida e este não é o objetivo.

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