Por que algumas empresas são capazes de sustentar taxas de crescimento das receitas e dos lucros, e outras não? Foi com esta pergunta que os pesquisadores Kim e Mauborgne estudaram mais de 30 empresas em todo o mundo, durante cinco anos, e concluíram que o que diferenciava as empresas bem sucedidas das demais era o posicionamento diante da estratégia da empresa.

A forma como as empresas bem sucedidas reagiam diante dos concorrentes e buscavam a inovação eram os diferenciais apontados pelos pesquisadores. Assim, eles defendem que as empresas devem inovar na maneira de pensar, de agir e se posicionar no mercado. Começar do zero se preciso, não se assustar diante das mudanças e não temer os concorrentes. Estes, segundo eles, seriam irrelevantes para a empresa bem sucedida visto que ela tem como objetivo aprimorar seus processos e conquistar seus clientes de modo inovador.

Para isto, é preciso pensar diferente. A empresa deveria olhar cada mudança de cenário, estrutura e investimento como uma oportunidade de aprimoramento. A partir daí verificar como este fato positivo, ou até mesmo negativo, pode ser útil para a empresa e em que ele contribui para o seu crescimento.

São vários os aspectos que podem ser considerados na questão da Gestão Estratégica, a iniciar pelo conceito de organização. Segundo Peter Drucker, “uma organização é um grupo humano composto por especialistas que trabalham em conjunto em uma tarefa comum”. Portanto, a organização é definida pelo fator humano que a compõe e não somente por seus recursos financeiros e tecnológicos.

Ele acrescenta ainda que uma organização é sempre especializada. Sua tarefa a define. O que corrobora com a idéia de que a empresa deverá ter sua missão descrita pontualmente como acima exposta. Ele também acrescenta que as organizações deverão ter foco no que fazem e utilizar bem o conhecimento que possuem a respeito de seus processos, produtos e serviços.Drucker também afirma que as organizações são gerenciáveis. Neste ponto, destacamos um pouco além do fator humano: os gestores que tomam as decisões nas empresas. Pois a organização pode ser definida por pessoas que trabalham com um objetivo comum, mas é preciso gestores para que as estruturas organizacionais funcionem.

Neste contexto, em que há em uma organização pessoas trabalhando com uma meta em comum e gestores influenciados pelos mais diferentes fatores pergunta-se: qual é o posicionamento do investidor?

É necessário que os investidores tenham acesso às informações e, mais profundamente, ao conhecimento que a empresa possui através de seus relatórios, rotinas e práticas para que tomem suas decisões e invistam conscientemente nas empresas.

Assim, a Governança Corporativa pode ser considerada como ferramenta da Gestão Estratégica, pois traz como linha mestra a transparência, a prestação de contas, a equidade e a responsabilidade corporativa. A transparência permite que os acionistas tenham um maior grau de confiabilidade nos relatórios apresentados pelos gestores ao mercado. A prestação de contas diminui a possibilidade de mau uso dos recursos e incentiva a boa gerência dos mesmos.

Já a equidade garante que os acionistas tenham direitos iguais e a responsabilidade corporativa visa coibir a má gestão fazendo com que os gestores que agirem de má fé respondam por seus atos administrativos. Desta forma, a Governança Corporativa pode auxiliar as empresas a atingirem seus objetivos estratégicos, pois traz em si a excelência e procura apresentar informação com maior qualidade e confiabilidade.

As empresas podem alinhar a Governança Corporativa à Gestão Estratégica e verificar os efeitos positivos das mesmas no gerenciamento dos seus recursos e na captação de investidores.

Sob este aspecto é possível negociar com os investidores através de Governança Corporativa, pois ao aderir à Governança a empresa compromete-se publicamente com a prestação de contas, a transparência e o respeito aos investidores o que a torna atrativa para os investidores. A empresa implantaria a Governança Corporativa, arcando com os custos da implementação, porém buscaria no mercado investidores que aceitam uma taxa de retorno de investimento menor, pois a empresa evidencia suas boas condutas e publicamente protege os acionistas. Desta forma, a empresa teria seu rendimento aumentado, pois o custo de captação de recursos seria reduzido e o endividamento menor, pois o custo de buscar investidores no mercado é menor que buscar empréstimos e financiamentos em instituições financeiras.

Na negociação competitiva, os dois lados possuem interesses: o investidor em fazer um investimento de menor risco, e a empresa em ter um acionista que custe menos. Desta forma, o modelo de gestão que utiliza a Governança Corporativa defende o direito dos acionistas e as empresas usam como parte de suas estratégias atrair e reter investidores a um custo menor.

Fonte: Adaptado do V Congresso de Administração e Ciências Contábeis – AdCont 2014.