Semana passada vi um filme em que um dos personagens falava de uma fita cassete e perguntava a outro personagem se ele preferia as músicas do lado A ou do lado B. Neste momento, eu me lembrei da minha infância em que tive fitas cassetes e LP’s de músicas. Engraçado como o tempo vai passando, a tecnologia muda nosso dia a dia e o passado cai no esquecimento. Depois que tocava o Lado A você tinha que virar o LP para tocar o lado B ou a fita cassete. Eu me lembro que, nesta época, a sensação era um aparelho de som que tocava o Lado B sem que você precisasse trocar a fita cassete. Nossa, era muito moderno ter um aparelho de som 5 em 1: rádio, LP, fita cassete, CD… confesso que a 5ª funcionalidade eu não consigo me lembrar.

Depois disso, vieram os CD’s e já não era mais preciso ficar atenta para quando a música acabasse trocar o lado da fita. E depois dos CD’s vieram os MP3, MP4 e o armazenamento na nuvem. Confesso que já me perdi no meio desta tecnologia… mas não ter um lado A ou lado B em nome do conforto e da comodidade me chama a atenção.

A nossa capacidade de armazenamento aumentou, mas isso não significa que a qualidade do som seja a mesma e se formos traçar um paralelo com o mercado de trabalho, eu começo a ficar preocupada. Claro que não se pode generalizar, mas não vejo mais gestores no lado A ou lado B. E não estou discutindo aqui a qualidade do lado A ou lado B, o que coloco em questão é o posicionamento das pessoas no cotidiano. Não ter os seus valores, metas e conceitos bem fundamentados faz com que haja muito armazenamento de informação, mas isso nem sempre vem acompanhado com o uso da mesma.

A necessidade de sermos multitarefas não nos impede de ter um posicionamento mais firme diante dos outros. É preciso saber claramente quais são nossos objetivos, porque tomamos determinadas decisões e quais serão as consequências delas. Ter definido o valor A ou B também é necessário para saber se é a hora de trocar de lado, ou quem sabe continuar aonde estamos, pois é neste lado que toca a nossa música favorita. Veja que não estou incentivando estar no lado A ou B, mudar de posição, ser mais arrojado e outras palavras que supostamente motivam as pessoas. O que eu estou querendo dizer é que é preciso ter um propósito.

Trabalhar sem um propósito é um desperdício de dinheiro e tempo, seu e da empresa em que você atua. E isso não se aplica só aos funcionários, mas também aos donos de empresa que perderam o rumo e não sabem mais como se posicionar no mercado, não traçam um perfil de cliente, não possuem metas e armazenam cada vez mais informação como se o armazenamento por si já fizesse um diferencial.

Quando se trata de gestão é preciso ter um lado A ou B. E se você souber em qual desses lados está a sua música favorita, melhor ainda. Não há como falar em estratégia, fortalecimento da marca e posicionamento de mercado se você não sabe qual é a faixa que está tocando e em que lado ela está. Talvez seja um pouco de conservadorismo lembrar de uma fita cassete. Alguns diriam até que é saudosismo, mas não adianta fazer do armazenamento na nuvem um grande depósito repleto de informações que não são utilizadas para nada.

Em tempos de armazenamento na nuvem, ter um lado A ou B pode parecer fora de moda, mas é necessário para saber como se posicionar e produzir resultados.