Recentemente publiquei um artigo questionando se a profissão contábil teria um fim. Ao final do artigo, afirmei que não acreditava no fim da profissão, mas que esta teria um significado diferente. Ora, se a profissão sofrerá mudanças, é natural que o perfil do profissional precise se adaptar a estas mudanças.

Atualmente as universidades têm focado em ensinar técnicas voltadas para o mercado de trabalho. São as chamadas hard skills. Com isso, o profissional faria auditoria, controladoria, fecharia balanços e demais funções hoje exercidas pelos contadores. Porém, com o avanço tecnológico boa parte deste processo está automatizado. Até mesmo em escritórios de contabilidade esta automação tem ajudado na velocidade e confiabilidade da informação. Portanto, não acredito que as técnicas contábeis desaparecerão, no entanto, não será necessária tanta mão de obra para executar estas funções. Com isso, o profissional deverá se diferenciar pelas soft skills.

As soft skills são as competências e o perfil que o profissional deveria possuir para exercer sua função. Ao desenvolver estas competências ele estará preparado não apenas para o mercado de trabalho, mas para ter sucesso em outras áreas de sua vida. Portanto, mesmo que não seja uma receita para o sucesso, a combinação de hard e soft skills aumenta a probabilidade de sucesso profissional e, consequentemente, sua empregabilidade. Cito aqui algumas hard skills para o profissional contábil:

Formação técnica – para atuar na área contábil o profissional precisa ser bacharel ou técnico contábil. Atualmente, é necessário após a conclusão do curso, realizar um exame de suficiência para possuir o registro profissional. Os cursos técnicos não dão mais direito ao registro profissional, sendo este direito garantido a todos os que já possuem o registro.

Especialização – é pouco provável que um profissional saiba tudo de auditoria e tributos, por exemplo. O ideal é conhecer as diversas áreas, porém se especializar oferecendo um profissional diferenciado para o mercado.

Inglês – boa parte dos profissionais contábeis não possuem um segundo idioma. As maiores empresas, mesmo nacionais, exigem conhecimentos em inglês. Este é um investimento que pode ser realizado através da internet, onde há até mesmo curso gratuitos.

Sobre as soft skills, cito as 4 competências da tese de doutorado na USP da Gilvania Gomes (2018):

Comunicação – são incluídas as subcompetências comunicação oral de saber falar e ouvir, comunicação escrita, capacidade de expressar ideias, pontos de vista, pensamentos e emoções, habilidade para dar e receber feedback e avaliar seus pares.

Pensamento crítico – são incluídas as capacidades de análise, síntese e interpretação e o exercício de julgamentos e estimativas.

Colaboração – são considerados como colaboração o trabalho em equipes, reconhecimento de opiniões diferentes, comportamento ético, liderança, respeito às diferenças, direitos humanos, princípios de igualdade e inclusão, negociação, responsabilidade e iniciativa.

Solução de problemas – aplicação de conhecimentos teóricos na prática, resolução de dilemas concretos, reais ou simulados, e escolhas contábeis.

Este será o perfil do contador de um futuro não tão distante. Como desenvolver estas competências?

Link da tese: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/96/96133/tde-31072018-103733/pt-br.php

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