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A profissão contábil terá um fim?

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No último dia 22 de setembro, celebramos mais um Dia do Contador. O primeiro curso de Ciências Contábeis foi criado em 1945, através de decreto pelo Presidente Getúlio Vargas. Menos de um século depois, me questiono sobre o futuro da profissão. De tempos em tempos, me deparo com algum artigo que menciona as profissões que deixaram de existir e não percebemos e também as profissões que possuem seus futuros ameaçados. Não raro, encontro o contador e auditor nesta listagem. Como sou contadora e professora, tenho duas preocupações: Ficarei sem emprego? Devo preparar meus alunos para o futuro ou a extinção é iminente?

Se pararmos para pensar que no ano 2000, o computador doméstico não era uma realidade para a maioria das famílias brasileiras, e pensarmos nas evoluções dos últimos 18 anos, veremos que temos celulares, internet, maior acesso à informação, maior crédito, maior mobilidade e polarização. A tecnologia mudou de forma irremediável as nossas vidas. Não saberia dizer se mudou para melhor, visto que estamos mais ansiosos, preocupados, polarizados e estressados. Tudo é ruim? Claro que não. Mas não vejo muita discussão sobre o quanto somos dependentes da tecnologia. Atire a primeira pedra quem nunca ficou irritado com a internet lenta, se esquecendo de que conviveu com a conexão discada que ocupava a linha do telefone enquanto era utilizada (ok, há gerações posteriores que não sabem o que é conexão discada).

Se a tecnologia alterou nossas vidas, claro que alteraria nossos trabalhos. Talvez até tenha alterado primeiro o trabalho e depois as vidas pessoais de cada um. Mas nós, contadores, estaremos com os dias contados? Teremos todos que inovar e desenvolver outra profissão ou é possível se reinventar na contabilidade?

Acredito que a profissão não será extinta, no entanto, concordo quando dizem que a tecnologia está reduzindo o quadro de funcionários devido à automação das operações¹. Também acredito na capacidade de análise da inteligência artificial, mas não creio que nos substituirá. Outro argumento é que o conceito de contabilidade desaparecerá visto que as transações são públicas e tecnicamente impossíveis de serem fraudadas². Este argumento, eu discordo totalmente. Acredito que a tecnologia diminui a fraude, mas não a extinguirá. Haverá um refinamento nas fraudes, mas ao longo da história da humanidade as fraudes continuaram resistindo à tecnologia.

Portanto, acredito que o profissional desatualizado, mal preparado e sem múltiplas competências não terá espaço no mercado de trabalho. Pois o número de vagas reduzirá e aumentará a exigência para a qualificação da mão de obra.

A segunda preocupação é o que ensinar para os alunos que estão ingressando na faculdade agora. Como preparar estes alunos para a profissão que estarão desenvolvendo daqui a 10 anos? Como é possível prever o desenvolvimento tecnológico e orientá-los para serem bem sucedidos? Creio que estes é o maior desafio para que ensina: aprender com o passado e direcionar estes futuros profissionais para algo que não sabemos como será.

Fonte¹:https://www.tecmundo.com.br/carreira/109733-confira-profissoes-devem-sumir-alta-2025.htm

Fonte²: https://exame.abril.com.br/carreira/estas-profissoes-podem-acabar-ate-2030-ao-menos-para-os-humanos/


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