Se alguém perguntar quem acredita que estará aposentado daqui há 10 anos, é possível que a maioria diga que não. Isto ocorre porque temos um longo tempo para trabalhar e nem sempre pensamos no que fazer quando este dia chegar. Eu tenho observado que as pessoas, em sua maioria, não conseguem planejar a longo prazo.

Portanto, se alguém perguntar como alguém imagina estar realizando as tarefas do trabalho daqui há dez anos, muitos também dirão que não fazem ideia. Respostas derivadas estão relacionadas ao desempenho, não saber se estará na mesma empresa, na mesma profissão ou nas mesmas funções. No entanto, a tecnologia e outros diversos fatores tem alterado a forma com que desempenhamos nosso trabalho, independente da profissão. A inteligência artificial pode reduzir a mão de obra nas fábricas, escritórios e serviços diversos, por exemplo.

Com a contabilidade não seria diferente. A mudança vem acontecendo de forma acelerada e a maior parte dos profissionais não percebe. Algumas notícias alarmistas informam que a contabilidade não existirá. Alguns ficam preocupados, porém, assim que é divulgado que isto é um exagero, voltam a relaxar e não pensam mais no assunto.

Talvez o detalhe não seja a extinção da contabilidade. O detalhe é que o profissional pode descobrir um dia que ele não é mais útil naquela profissão. A contabilidade é uma técnica de linguagem e transmite informações específicas para os seus usuários. A forma de gerar estas informações está mudando. A contabilidade pode não deixar de existir, mas o profissional focado apenas na técnica, e que não desenvolve suas habilidades, possui o futuro comprometido.

Isto pode ser observado quando há uma separação entre a área tributária e contábil. A contabilidade é regida pela essência sobre a forma. Assim, não são apenas leis, normas e pronunciamentos técnicos emitidos através de órgãos profissionais e do governo que dizem o que deverá ser feito. Com a adesão às normas internacionais, a interpretação do profissional é fundamental para o correto registro das informações.

Um exemplo disso são as depreciações. Enquanto na área tributária são utilizadas as tabelas fiscais fornecidas pela Receita Federal do Brasil, e há penalidade para quem não a seguir, na área contábil deverá ser analisado o tempo de vida útil do bem, a intenção de vender ou não. Ou seja, se antes já não era uma receita de bolo a ser seguida, agora a responsabilidade do profissional contábil está muito maior à medida que sua interpretação será fundamental para o registro da informação.

Para que haja uma valorização da classe contábil, faz-se urgente a necessidade de uma formação integral que contemple não apenas técnicas contábeis, mas o desenvolvimento de habilidades como comunicação, pensamento crítico, solução de problemas e colaboração. Outras habilidades poderiam ser citadas aqui, porém o mais importante é lembrar neste início de ano que é necessário estar atento às mudanças que a profissão está passando e caminhar para a direção certa.

Assim, como profissional contábil e professora, convido você a construir as suas habilidades. Pesquise, leia, debata, pense sobre o assunto e não deixe mais um ano passar sem que o desenvolvimento profissional esteja entre as suas prioridades. Um ótimo ano!

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